O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
O que nos é comum[1]
Nelson Dacio Tomazi
Ao nascer, chega-se a um mundo que já está pronto, e essa relação com o “novo” é de total estranheza. A criança vai se relacionar e conviver com o mundo externo. Nesse momento ainda não se reconhece como pessoa, pois não domina os códigos sociais; é o “nenê”, um ser genérico.
Com o tempo, a criança percebe que existem outras coisas a seu redor... Percebe que existem também pessoas – pai, mãe, irmãos, tios, avós – com os quais vai ter de se relacionar... À medida que cresce, vai descobrindo que há coisas que pode fazer e coisas que não pode fazer. Posteriormente saberá que isso é determinado pelas normas e costumes da sociedade à qual pertence.
No processo de conhecimento do mundo, a criança observa que alguns dias são diferentes dos outros. Há dias em que os pais não saem para trabalhar e ficam em casa mais tempo... Nos outros dias da semana vai à escola, onde encontra crianças da mesma idade e também outros adultos.
A criança vai entendendo que, além da casa e do bairro onde reside, existem outros lugares, uns parecidos com o local em que vive e outros bem diferentes; alguns próximos e outros distantes; alguns grandes e outros pequenos; alguns suntuosos e outros humildes ou miseráveis.
Esse processo de conviver com a família e com os vizinhos, de freqüentar a escola, de ver televisão, de passear e de conhecer novos lugares, coisas e pessoas compõe um universo cheio de faces no qual a criança vai se socializando, isto é, vai aprendendo e interiorizando palavras, significados e idéias, enfim, os valores e o modo de vida da sociedade da qual faz parte.
(...)
Mesmo considerando todas as diferenças, há normalmente um processo de socialização formal, conduzido por instituições, como escola e Igreja, e um processo mais informal e abrangente, que acontece na família, na vizinhança, nos grupos de amigos e pela exposição aos meios de comunicação.
O ponto de partida é a família, o espaço privado das relações de intimidade e afeto, em que geralmente, podemos encontrar alguma compreensão e refúgio, apesar dos conflitos. É o espaço onde aprendemos a obedecer a regras de convivência, a lidar com a diferença e a diversidade.
Os espaços públicos de socialização são todos os outros lugares que freqüentamos em nosso cotidiano. Neles, as relações são diferentes, pois convivemos com pessoas que muitas vezes nem conhecemos. Nesses espaços públicos, não podemos fazer muitas das coisas que em casa são permitidas, e precisamos observar as normas e regras próprias em cada situação. Nos locais de culto religioso, por exemplo, devemos fazer silêncio; na escola, onde ocorre a educação formal, precisamos ser pontuais nos horários de entrada e saída, e assim por diante.
Há, entretanto, agentes de socialização que estão presentes tanto nos espaços públicos como nos privados: são os meios de comunicação – o cinema, a televisão, o rádio, os jornais, as revistas, a internet e o telefone celular. Esses talvez sejam os meios de socialização mais eficazes e persuasivos. TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 1ª Ed. São Paulo: Atual, 2007. Pp. 17-20
COM BASE NO TEXTO ACIMA E NA SUA EXPERIÊNCIA DE VIDA, PROCURE RESPONDER:
1. Segundo o autor do texto, o que nos é comum?
2. Quando a criança ainda não se reconhece como pessoa, ela é, segundo o autor, “um ser genérico”, por quê?
3. Com o passar do tempo, o que a criança vai percebendo?
4. Quando vamos aprendendo e interiorizando valores e o modo de vida da sociedade da qual fazemos parte?
5. Existem diferenças no processo de socialização, por quê?
6. Nosso processo de socialização começa na família. O que devemos aprender com a nossa família e a nossa vizinhança?
[1] De bebês a adultos, em seu caminho de descoberta do mundo, todos os integrantes de uma sociedade passam pelo processo de socialização.