Crônica do Professor
Mário Márcio de Quadros
É possível que, hoje em dia, estudar e se dedicar aos estudos não faça parte do universo simbólico de nossos jovens. Independentemente de serem ou não de escola pública, nossa juventude não lê. E quando lê, não entende o que leu, por falta de hábito, talvez. Por isso, “não tem idéias”. Escreve e se expressa oralmente de forma precária. Estudar exige disposição, interesse, leitura atenta e cuidadosa. Estudar exige concentração, trabalho, disciplina, paciência, renúncia...
Aprender a ler e escrever; saber as quatro operações e decorar a tabuada, por exemplo, exigem esforço pessoal. Aliás, crescer e evoluir como ser humano é um ato solitário e doloroso. Estudar faz parte desta evolução e desta dor. Não posso esperar que os outros estudem ou sofram por mim. Pode não ser agradável sofrer. E o estudo regular pode não fazer parte da realidade de nossos alunos. Claro, são crianças e jovens: precisam [e devem] brincar e se divertir. Mas é lamentável vê-los à-toa o dia inteiro, apenas brincando e se divertindo, inclusive na escola. São incapazes de pegar um livro para ler, de arrumar a casa, lavar a louça, ou estender a própria cama, por exemplo.
Nosso adolescente deve ser ocupado com coisas simples de seu dia-a-dia. Deve se sentir integrado em sua família e comunidade. Do contrário, será presa fácil das drogas, dos traficantes e da violência urbana. Pior, pode vir a ser um aluno problema. Um problema cuja solução será cobrada, essencialmente, do educador. Por mais que os Conselhos Tutelares sejam acionados, a responsabilidade final será da Escola e de seus profissionais, sobretudo do professor.
Nossa criança e adolescente necessitam ser cobrados. Nosso jovem precisa traçar metas e objetivos claros de vida. Criança, da Pré-Escola ao Ensino Médio, acreditará na educação quando acreditar nela mesma. Quando se sentir cobrada e exigida pela comunidade escolar, na condição de sujeito da própria história. Só assim, tornar-se-á competente. Sentir-se-á capaz de enfrentar a vida e seus desafios. Não podemos responsabilizar os professores, e apenas eles, pelo sucesso ou fracasso do ensino-aprendizagem. Ninguém ensina nada a ninguém. As pessoas aprendem se quiserem e estiverem dispostas e determinadas a isto. Não se faz milagres na educação. Não se aprende por osmose.
Adorei este post. Parabéns prof.
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