Olhos d’água
Mário Márcio de Quadros
À memória de meus pais, falecidos em 1972.
Amanhece...
Com vagar divago pela várzea.
O vento me toca leve e, breve, passa...
Amanhece...
Azul é o céu.
E verde: o olhar, os campos, a floração.
Amanhece...
Diversas aves canoras
d i s p e r s a s
Cantam...
No vau:
Mulheres fuxicam,
Esfregam, batem, e torcem roupas.
Amanhece...
Beija-flores, canários, sabiás... Enamoram-se,
E anunciam, e encantam o raiar do dia.
No vale
Homens ledos
Lepidamente lavram a terra:
E cavam, e cuidam, e plantam...
Amanhece...
A clareza do dia
Alumia e enleia a várzea.
A brisa me alisa
Espairece e arde:
S a u d a d e...
São João Del-Rei, Julho de 1978-2004.
Barbacena, Novembro de 2010.
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